Wednesday, December 14, 2005

Goodfellas II: Traffic of The Lotus Flower

Esta cidade tão dócilmente acariciada pelos suaves contornos do Douro encontra-se no incondicional termo de ser (tão nítidamente) latina. Qual verdade Sartriana (o Homem está condenado a ser livre...), o Porto está condenado a ser latino. Tão latino, que por vezes, por entre as embarcações ribadouras, com os tão típicos barris de Tawny, será possível a um turista confundir-se por momentos e pensar que está na Sicília.
Livre-se o turista de o dizer... porque a Sicília - todos sabem - é no sul da Itália, e qualquer murcão que mereça o desígnio, não reconhece o conceito de "Sul". Sendo assim, procedamos à análise do que fez da Sicília um local tão referênciável.

A resposta é nítida...

A Máfia. Um grupo de violentos prestidigitadores que assassinam vorazmente os seus oponentes enquanto de tudo fazem para estender o seu domínio, tanto a nível económico como de influências, enquanto promovem a ascenção dos seus familiares e amigos, pisando o mérito e a capacidade dos que mais se dignam a tais posições. Um claro exemplo de um paradigma mafioso: a residência dos Tigertails na Casa Da Música. Vejamos porquê, analítica, antropológica e científicamente:

1. Os Tigertails figuram entre a dupla de DJ's mais secante e infrutífera que alguma vez pisou a terra verdejante que rodeia as margens Douradas;

2. A selecção musical que os caracteriza encontra-se entre a mais pálida, inconsequente e apagada de que há memória; é completamente redundante, carece de eclectismo e arrojo, e é inapta para quase todas as situações clubísticas.

3. Tocam quase todas as semanas, de tal forma que assemelham um espaço público a um clube privado, enchendo os bolsos (com a venda de álcool) aos gestores da instituição que os contrata. Isto levanta uma questionável característica da Casa da Música: uma instituição cultural que promove bebedeiras?... Estaremos de volta aos tempos salazaristas, em que todos os jovens machos eram incentivados a apanharem um pifo, para bem da economia nacional?

4. Se a sua selecção é pautada pela falta de representabilidade da música como um fenómeno artístico total, reduzindo-a a uma sequência ordinária de temas de techno paisagístico de segunda, até que ponto é legítimo empregar artistas tão pouco capazes?

5. Porque é que as inspecções passam a pente fino todos os clubes, procurando, por via dos seus agentes (que vasculham gavetas e recantos como os porcos em França vasculham a terra à procura de hulha), toda a possível reprodução digital ilegal de música, e a Casa da Música (como instituição do Estado) se presta a empregar artistas que tocam CDRs, sem que estes sejam sujeitos ao escrutínio que os restantes são?

6. Finalmente: se o Estado se preocupa com a Cultura, porque não providência os bailarinos com um cházinho e um livro de Hemmingway? Com tão pálida e indigesta sequência de temas, talvez fosse um gesto paternal e carinhoso do Estado, garantir um mínimo de entretenimento...

Ao reflectir sobre estes temas, só posso tirar uma conclusão: os Tigertails estão de conluio com alguém de muito importante no Estado português, para ocuparem a posição que tomam. Não sei quem puseram a dormir com os peixes, com cimento nos pés, de forma a que se afundasse pesadamente no lodo Dourado. Mas certamente, paraquedistas deste tipo não podem simplesmente materializar-se em tão responsável posição, como que por magia.

O que me safa é que ninguém sabe quem sou, caso contrário assim que colocasse o post online, já aqui tinha um gajo chamado Mugsy com uma Colt .45 a espetar-me um balázio no olho. (Para os menos cultos, Mugsy era um jogo para o Spectrum, onde um mafioso assassinava políSSias =D - I still have the last word you cunt!)

Enfim... nada mais suspeito que um macaco ranhoso num galho demasiado alto.

Alias dois macacos ranhosos.

Dalila, a Incorruptível Contra a Droga