Tuesday, December 06, 2005

Lisbon... What THE FUCK Happened?...

Mais um ataque curioso e históricamente preciso do nosso amigo anónimo Motherfocker.


« Áuzzzzzzzzz Traibal!!!!!!!!!!

Muito se tem falado, rebatido e comentado este fenómeno musical que desde início/meados dos anos noventa tem vindo a alastrar de forma cancerígena a todo o território do nosso querido país e que nem os momentos em alta do Drum n’ Bass, do House Filtrado francês e do Electro Ca$h conseguiram abalar.

Recordo-me da altura em que os amigos de Francoforte da germânica Harthouse chutavam uma coisa apelidada de hard-trance: falo-vos dos Hardfloor. Com três TB-303 e uma TR-909, julgavam-se os reis do acid house europeu. E pegou. Era vêr o buraco do Jardim Constantino ao meio-dia de domingo cheio de gorros da neve, oculos escuros, apitos e garrafas de agua a ejacular aquando do interminável snare-roll da remix para Mori Kante do famoso hit etno-pop YEKE-YEKE. Quando já se pedia a todos os santinhos, a Jesus Cristo e mesmo à propria Roland para terminar o sofrimento, eis que chega mais uma linha de baixo e depois, ainda não contentes, mais uma!!! Pelas minhas contas os homens devem ter um património de TB’s riquissimo, podiam fundar a fundação TB303.

O problema, meus caros leitores, começou quando, no Alcantâra, depois do "Short Dick Man", do big dick man e do então levanta-te (e ri, porque é mesmo mau), já não havia nada para pôr... Nada porque as editoras de house de NY, id est, tudo o que girava a volta da Strictly, Henry St e Tribal, estavam a ficar demasiado boas e também... gay! Os Murk (em Miami), Todd Terry, Masters At Work e Dj Sneak (Chicago) numa vertente, e Danny Tenaglia e Junior Vasquez noutra - para exemplificar.

Ora a trupe do Alcantara, o Tozé e o Marinho não sabia o que haviam de fazer. Chicago estava estagno e NY estava a tomar uma direcção que eles, grandes machos, não queriam tomar. Jazzy, funky, disco, latino, uma volta às raízes, por um lado e... “Get your hands off ma’man”.

"Fecunde-se"... Diziam eles... E tinham pesadelos de acabar no Trumps ou no Bric a passar música.

Como acabei de demonstrar, só haviam dois caminhos: o euro trash que o Marco Paulo e sua Paulinha Foxy de mini saia sem cuecas vendiam na Rua do Patrocínio, ou a incompreendida colectânea TOP DJ’s.
Esta compilação sofreu muito mais que este blog sofreu (fruto de excelentes comentários).

“É som para rabetas”, “Isso não é Auzzz não é nada”, “Parecem travecas a cantar”, e outras piores ainda, enfim. O problema é que o Tó (não o Tozé) e o RuiReidoLuxFragilSudoesteModinha, tinham batido o pé e ainda bem porque assim finalmente eu podia ouvir a remix dos Cool Hipnoise “Ela Era O Meu Estilo” em paz sem pensar que era paneleiro.

Como é evidente o que “eles” apelidavam de underground já não o era porque, o party (cego) people tinha ido atrás dos Misters do costume. Agora, deu-se aqui um fenómeno muito estranho. Como é sabido a Europa, desde os Beatles, dos Kraftwerk e do Moroder, raramente enfiou algo tio Sam. Ora na nossa querida Lissabona, existia (e ainda existe) algum "party people" - sim, eu também detesto o termo - muito atento à encruzilhada acima descrita. Ora, estes amigos, cheios de vontade de fundir (foder) o house e o pi pi pi pi pi das três TB’s dos Hardfloor, pegaram na Amiga e fizeram uns mod’s (lembram-se???) com o Octamed (qué qué isso, ó meu?) e foi uma bomba.

Ele era concertos em tudo o que era dancemuzikfestival (rave???), ele era concertos nos aniversarios do Alcantara, foi em grande. Tão grande que o DannyBoyTenaglia e seu namorado (o dono da tribal que agora não me vem à lembradura o nome) adorou. O homem já andava a rasca porque os MAW eram demasiado... à frente (tipo metiam guitarras, tinham composições ritmicas para além de 3 instrumentos, solos de piano e mesmo os MURK estavam anos luz a frente) e a Tribal não vendia.

O Danny e o seu namoradinho viram a luz ao fundo do tunnel para a Tribal. E edita os amigos suburbanos de Lisboa. Nasceu o AuzzzzzzTraiballlll!!!!!!!!!!!!!

“YOOOOO PARTY PEOPLE!!!!!!!!!!!!!!!!”

Motherfocker »

Mais uma vez, merecedor do post.

Citando o único traço de génio na carreira de Abe Duque: Lisbon... What THE FUCK Happened?...

Dalila, a Madrinha